26.6.10

Próxima estação... Cidade Nova

Espremido entre a Praça da Bandeira e o Centro, o pequeno bairro da Cidade Nova ainda vive sua fase de desenvolvimento com a chegada de modernosos edifícios empresariais e a estação Cidade Nova do metrô.


A PRAÇA DO Teleporto, no começo da Rua Afonso Cavalcanti e da Avenida Presidente Vargas. Na foto, o chafariz com o monumento da Dança das Águas e os prédios do Teleporto e dos Correios, ao fundo.


O post de hoje se trata de uma rua onde, muito embora, poderia representar também a essência do bairro todo. Este, em questão, é a Cidade Nova, no Centro, quase uma aldeiazinha. E a rua fotografada, a Afonso Cavalcanti, representa bem essa sua essência, baseada no desenvolvimento urbano graças à presença de modernosos edifícios. A revitalização, no entanto, começou a partir de meados da década de 1980, com a chegada do prédio do Centro Administrativo São Sebastião (CASS), da Prefeitura do Rio (veja foto à direita). Já na década seguinte, por exemplo, veio o prédio do Teleporto, que vem impulsionando até agora uma série de empreendimentos no local que desponta como novo pólo de desenvolvimento do Centro. Mesmo que ainda existam muitos terrenos vazios, a Rua Afonso Cavalcanti é um caso à parte, ela já representa o símbolo do que pretende ser a Cidade Nova - e eu fui lá!


LOCALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA da Rua Afonso Cavalcanti, na Cidade Nova.
Grau de periculosidade sentida (de 0 a 5): 1.


Monumento na Praça do TeleportoComecei a minha caminhada ali pela praça em frente ao CASS e à creche Doutor Paulo Niemeyer, logo no comecinho (ou fim?) da Presidente Vargas, perto do Viaduto dos Pracinhas. A praça, sem nome identificado, fica aí reconhecida como a praça do Teleporto. A dita-cuja é bonita, mas ela costumava ser mais há alguns anos atrás, quando o seu chafariz realmente funcionava. Lembro-me de passar à noite por ali e o jogo de luzes e de jatos d'água valorizava demais a beleza do lugar, ainda mais pelo monumento da Dança das Águas que eu, particularmente, gosto bastante. Será nessa praça também onde desembocará um dos acessos da nova passarela da Cidade Nova, construída justamente para a conexão da Rua Afonso Cavalcanti com a futura estação do metrô, localizada no outro lado da Presidente Vargas. A passarela é extravagante, como as fotos não me deixam mentir - entretanto, a beleza da praça com suas palmeiras e plantas ainda não nos abala.

A Afonso Cavalcanti deixa de ser exclusiva para pedestres a partir da esquina com a Rua Pinto de Azevedo, o antigo "Piranhão". De um lado, o prédio do Teleporto e, do outro, o edifício do Bradesco Seguros, não tão alto assim. Dali em diante a Rua Afonso Cavalcanti passa a ser mais escura, devido às sombras do mar de prédios que se espraiam ao longo dela. Um detalhe interessante deste trecho é a sua arquitetura - embora moderna, ainda conserva uns resquícios de arquiteturas tradicionais do Centro, como os edifícios sustentados por umas pilastras monstrengas, que só ficam expostas devido ao recuo no térreo para abrigar algum tipo de comércio de pequeno e médio porte. No caso da Afonso Cavalcanti, o prédio do Teleporto fez uma releitura "muderna" das tais vigas, abrigando em seu comércio agências bancárias e restaurantes, como o Spoleto. Um outro detalhe muito legal por ali são as miniruazinhas formadas a partir do espaçamento entre um edifício e outro. Entre os prédios do Teleporto e dos Correios, por exemplo, surgiu uma rua de pedestres muito simpática, bastante arborizada. Acredito que seja mantida graças à iniciativa privada.


COMEÇANDO DA ESQUERDA: 1. Cruzamento da Afonso Cavalcanti com a Pinto de Azevedo. Observe que a região no entorno da Prefeitura foi a primeira a receber o novo modelo das placas-pirulito, em 2007. Por ali, os modelos são mais brutos que os convencionais visto que estavam ainda em fase de teste; 2. Trânsito na Afonso Cavalcanti; 3. Rua para pedestres entre os prédio do Teleporto e dos Correios.


Apesar do caráter bastante empresarial, a Rua Afonso Cavalcanti também conta com edifícios residenciais - altos, por sinal! - em muitos dos seus trechos. E são todos iguais, o que muda são as cores das pastilhas na fachada. O estilo deles faz parecer com que eles sejam datados da década de 1980, pois têm plays e garagens bastante suntuosas. O primeiro destes aparece na esquina com a Rua Visconde de Duprat, onde há uma pracinha bem agradável. Ela, no entanto, não consta em nenhum mapa que eu tenha checado, tanto no Google ou no Yahoo Mapas, o que é compreensível, afinal, o bairro é recente. Toda sua antiga estrutura fora demolida para dar lugar ao que é hoje. Bem ou mal, a praça conta com brinquedos, bancos e muitas árvores. Além disso, não sei se diariamente, mas no dia em que fui lá, rolava uma feirinha de roupas, artesanato, entre outras mercadorias. Nada de produto pirata, pelo que eu vi. Era bem familiar!

Confesso que nunca tinha estado a pé pela Afonso Cavalcanti antes desta vez em que fui lá fotografá-la. Sempre passava de ônibus, olhava rápido e a impressão que tinha era de que era uma rua bastante sombria, deserta e sujeita a assaltos. Olha, era um ledo engano. Tudo bem que fui na parte da manhã, de noite sabemos que a coisa muda um pouco, mas a Afonso Cavalcanti é extremamente movimentada. Muitos pedestres, de um lado e pro outro, uma grande movimentação de automóveis sem falar que não me senti tão ameaçado como costumo me sentir ao andar por ruas da região, como a Paulo de Frontin, Estácio de Sá e a própria Presidente Vargas. Foi uma surpresa agradável, assim como notar que a Afonso Cavalcanti conta com jardins bem cuidados, coisas que não se vê nas ruas anteriormente citadas.

Avançando um pouco mais, a partir da esquina com a Rua Amoroso Lima, pode-se começar a avistar imóveis de grande valor histórico e/ou de referência para o carioca. De um lado, o prédio do Arquivo Geral (à esquerda)da cidade, lugar que eu tô pra ir há um tempão já!, e do outro, uma simpática casinha onde funciona uma agência de atendimento da Nova Cedae. O imóvel, no entanto, apesar da roupagem nova, aparenta ser das antigas. O contraste entre ele e os outros prédios da rua fica bem legal (confira à direita), na minha opinião. Aliás, o que é legal ali são as quadras nada entulhadas da Cidade Nova. Entulhada, que eu digo, é que os edifícios e casas não são coladas umas ao lado das outras, é bem espaçado e isso confere uma aparência bem aldeã ao bairro.


O CRUZAMENTO DA Afonso Cavalcanti com a Amoroso Lima em dois momentos: no primeiro, com a agência bancária do Santander e a churrascaria Norte Grill e, na outra, com a agência da Nova Cedae.



O TRECHO FINAL da Afonso Cavalcanti, após a Rua Amoroso Lima, começa a mostrar ao pedestre a verdadeira aparência de grande parte do Centro do Rio: imóveis abandonados, pichações e abandono. A escassa arborização também é um dos pontos altos.


A história mesmo da cidade, a visão do antigo, fica de fato neste trecho, a partir da Amoroso Lima. A imponência ora modernosa, ora decadente da Afonso Cavalcanti sai de cena para dar lugar, de vez, a um Centro antigo, feio, degradado e pichado. O que parece ser os fundos do Hospital Escola São Francisco de Assis tá bem acabado. Na outra calçada, um imenso terreno funciona como estacionamento, compartilhando espaço com outros dois imóveis históricos da área da saúde, como a Escola de Enfermagem Anna Nery (à esquerda) - recém-pintada - e a Maternidade Thompson Motta (à direita), em estado de conservação duvidoso. Não sei se a maternidade está funcionando, mas deve ser preservada: é um imóvel histórico, dos poucos que se vê por aí. Andei mais e me deparei com o Centro Municipal de Saúde Marcolino Candau em outro prédio antigo, também meio às moscas, na esquina com a Rua Laura de Araújo. Mesmo assim, o movimento era grande na entrada do Pavilhão Carlos Chagas.

O final da Afonso Cavalcanti foi na chegada da Rua Carmo Neto e da passarela da Praça Onze - que não mais existe mais. O nosso logradouro de hoje passa a ser continuada através da Rua Benedito Hipólito, outra via importante, que abriga o Sambódromo e o acesso para o viaduto do Túnel Santa Bárbara. Por ali a energia já é meio pesada, aquela coisa meio duvidosa, que você não sabe o que te espera. Ou melhor, até sabe e fica doido para ir embora porque sabe exatamente o que pode acontecer. É o tipo de trecho que muitos conhecem somente através das janelas de seus carros e dos ônibus, mas que poucos andam a pé. Mesmo assim me atrevi a subir a passarela da Praça Onze, que liga esta até à outra extremidade da Presidente Vargas. Tirei muitas fotos de lá de cima! Fora isso, só para fechar, eu espero MESMO que a Cidade Nova se reinvente. Assim como o Estácio, Catumbi, Rio Comprido e a Avenida Presidente Vargas. Reciclagem é o que há! Um abraço!


VISTA DA AFONSO Cavalcanti através da passarela da Praça Onze. Na primeira foto, tem-se, ao fundo, o novíssimo edifício do Centro de Convenções Sul América. Na do lado, além do Corcovado ao fundo, a casa rosa é o Centro de Saúde Marcolino Candau, esquina com a Rua Laura de Araújo.

4 comentários:

Rodrigo Jordy disse...

Fantática postagem, Pedro Paulo. Que detalhamento, que riqueza de informações! Isso me fez lembrar a primeira vez que me perdi caminhando por ali, fui me achar na Afonoso Cavalcanti rsrsrs.

Já há algum tempo coloquei um link d'As Ruas do Rio no meu blog mas esqueci de avisar. Dá uma olhada lá: http://fotofacilrj.blogspot.com/.

Um abraço e parabéns pelo trabalho brilhante.

Jaime Fernando de Souza disse...

Oi Pedro, parabéns por mais este trabalho, enriquecendo e divulgando esta área tradicional, e importante da nossa cidade.
Esse seu blog, é um acêrvo especial para noss cidade.

Jaime Fernando

Samila Soares disse...

Oi Pedro,

Aos poucos a região está sendo revitalizada. Com a Universidade Petrobras instalada alí pertinho, a tendência é que fique ainda melhor. Sds.

Arlindo "Nighto" Pereira disse...

Olá Pedro,

com o seu relato pude melhorar o mapa da região no OpenStreetMap: http://www.openstreetmap.org/?lat=-22.9091&lon=-43.20177&zoom=17

O OpenStreetMap é um mapa colaborativo, tipo uma mistura de Google Maps com Wikipédia.

Gostei muito dos passeios que você faz, eu de vez em quando faço alguns para mapear.

[]s