27.9.09

Avenida Olegário Maciel: o espaço do pedestre na Barra


O INÍCIO da Avenida Olegário Maciel, na esquina com a Avenida do Pepê. Ao fundo, a Pedra Bonita, desde o Parque Nacional da Tijuca.


Aproximadamente há um mês, saiu uma reportagem no editorial Rio do Jornal O Globo uma matéria bastante interessante sobre a Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, por seu aspecto bastante particular dentro de uma região onde o predomínio de grandes shoppings e auto-pistas imperam a paisagem urbana. No entanto, tal logradouro diferencia-se de tal panorama justamente pelo seu clima totalmente acolhedor ao pedestre; seja com a existência de amplas calçadas, seja com o comércio de rua, que é bastante raro na Barra. Movido pelo interesse em analisar mais detalhadamente a dinâmica da Olegário Maciel, eu fui para lá e trago as fotos do local.


A OLEGÁRIO MACIEL é melhor caracterizada como uma rua comercial, com predomínio de restaurantes, como o Na Brasa Colúmbia (à esquerda). Alguns poucos edifícios residenciais são encontrados ao longo da avenida, que não se comparam com àqueles dispostos nas ruas internas; a Barra residencial é mais luxuosa.


Localizada na Zona Oeste do Rio, a Avenida Olegário Maciel se situa em uma região da Barra da Tijuca conhecida como Jardim Oceânico e/ou Tijucamar (veja o mapa ao lado), isto é, mais facilmente caracterizada por ser um pedaço da Barra onde “ruas e calçadas” existem (os pedestres sabem do que eu tô falando!) e os edifícios se resumem àqueles de poucos andares, e não necessariamente dentro de gigantescos condomínios. Eu nunca fui à Califórnia; porém, por comparações do que já foi visto no Google Street View, pode-se dizer que o Jardim Oceânico é uma Santa Monica do terceiro mundo. Ou um suburbiozinho norte-americano.


LOJAS DE PERFIS e serviços variados também fazem parte da Olegário Maciel. Na foto, lojas de decoração, armazéns e o Instituto de Ortopedia da Barra.



O CRUZAMENTO da Avenida Olegário Maciel com a Avenida Comandante Júlio de Moura: calçadas bem preservadas, em pedras portuguesas; na via, paralelípedo, em vez do asfalto.


No entanto, a Olegário Maciel é uma daquelas ruas que chegam a dar raiva pelo seu eficaz planejamento – assim como o é a Barra da Tijuca em um todo, diferenciando-se da parte velha do Rio de Janeiro que teve sua evolução (e reprodução) de forma bastante desordenada. Enfim, em uma área estritamente residencial, esta avenida é exclusivamente comercial. O.k., “exclusivamente” é exagero meu, existem, sim, alguns poucos prédios ali, esparsos, mas são tão pouco luxuosos que distoam dos esplendorosos prédios da região.


O LA PASTA GIALLA é um restaurante do chef Sergio Arno e possui diversas filiais pelas principais cidades do país. Com visual sofisticado, o estabelecimento é uma mistura de bruscchetteria e cantina. Na Olegário Maciel, ele fica bem na esquina com a Av. Comandante Júlio de Moura.


O comércio é variado; todavia, é o pólo gastronômico que dá gás à Olegário Maciel. Considerada popularmente como a “Dias Ferreira” da Zona Oeste (em alusão à rua famosa do Leblon, na Zona Sul, lotada de restaurantes da moda), a Olegário Maciel abriga um grande número de bares, restaurantes e mercadinhos. Opções de comida à todos os gostos e preços. No início da avenida, na esquina com a Avenida do Pepê – a que margeia a praia da Barra –, está o Na Brasa Colúmbia, galeteria tijucana recém-inaugurada no local com mesas e cadeiras ao ar livre. Mais adiante, adentrando a Olegário, mais restaurantes de renome: a pizzaria Capricciosa, a Kobe – que oferece culinária japonesa –, e o La Pasta Gialla, do chef Sergio Arno, bem na esquina da Olegário com a Avenida Comandante Júlio de Moura.


DO SOFISTICADO ao básico: a Olegário Maciel tem desde um escritório de arte, como o TNT, à farmácias e locadoras de DVD, como a Blockbuster integrada à Americanas Express.


A frequência da Olegário Maciel é diversificada de acordo com o horário e esta distinção fica mais clara ao final do dia. Por volta das quatro, cinco da tarde, existe um vai-e-vem de pessoas, recém-saídas do serviço, em direção aos pontos de ônibus da Avenida Ministro Ivan Lins, no fim da Olegário. À noite, a predominância de jovens domina a avenida devido ao seu comércio, claro, juvenil, como a boate S.O.H.O Lounge (à direita), o mexicano Taco Tequila e a temakeria Jay House. E mais: ali há também a filial do Big Polis, casa de sucos tradicionalíssima no Leblon, bastante frequentada pelo público jovem.


CALÇADAS AMPLAS e muitos bares: copo cheio para as noitadas.



O EDIFÍCIO comercial Barra Center, na esquina com a Avenida General Guedes da Fontoura. No térreo, comércio variado, incluindo o irresistível Subway.


Muito além de comida, a Olegário Maciel concentra, também, outro perfil: lojinhas em formato off-shopping, farmácias, óticas, loterias, agências bancárias e outros tipos de comércio básico, como, por exemplo, a filial do supermercado Sendas – bem no final da avenida, quase na Praça Euvaldo Lodi – e o Barra Carnes Mix (à direita), uma espécie de padaria e açougue bacaninha. E edifícios comerciais, claro. Entre eles, o TNT Escritório de Arte, no número 162 e o Barra Center, no 260.


A DOC GARRAFARIA, estabelecimento nos moldes dos neobotequins que brotaram aqui no Rio, de uns tempos pra cá; e a chegada ao cruzamento com a Avenida Gilberto Amado, tendo ao fundo a casa de sucos Big Polis.



MAIS DO CRUZAMENTO: semáforo ativo, trânsito intenso - a Avenida Gilberto Amado, de duas pistas, serve de sentido para os carros que se direcionam ao Alto da Boa Vista e à Estrada do Joá. Já no território das calçadas, o Bom Galeto - famosa galeteria do Méier - abriu suas portas recentemente em um imóvel bonito e amplo, bem na esquina. Tentação, hein!


Em síntese: a Olegário Maciel é uma dessas ruas em que pouco tem pra se admirar, mas em compensação, muito para se consumir. Perderia horas falando sobre cada estabelecimentozinho ao longo da via – um mais interessante e gostoso do que o outro –, portanto, para não cansar você, caro leitor, me encarregarei de que as fotos se auto-expliquem e... bom apetite!, caso tais restaurantes fotografados tenham-lhe atiçado o estômago.



LOJA DE motos, casa de festas, a Contours, aquela academia para mulheres... Não disse que a Olegário Maciel é bem diversificada?



A LINHA 179 (Alvorada x Central) passa pela Avenida Olegário Maciel, assim como muitos apostadores, também: já fez sua fezinha hoje?



A PARTIR da Avenida João Carlos Machado, a Olegário Maciel perde um pouco da sua concentração de bares e restaurantes dando espaço definitivo a um tipo de comércio pequeno e local, como farmácias, óticas e galpões com feirinhas.



OFF-SHOPPINGS, com jardins e calçadas muito bem conservadas, e a filial das Sendas, que você encontra, praticamente, em todos os cantos da cidade.



FINALMENTE o final: a Avenida Olegário Maciel termina no encontro com a Praça Euvaldo Lodi, onde ali se situa a Paróquia São Francisco de Paula. Na foto à direita, mais uma vez, a vista para a Pedra Bonita e a passarela da Avenida Ministro Ivan Lins.


Post-scriptum: Outros pontos da Barra da Tijuca são bem mais interessantes, bonitos e diferentes; portanto, você que é de fora do Rio e que sempre ouviu falar sobre a beleza da Barra, aguarde! – em breve trarei fotos deste paraíso estado-unidense carioca.

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19.9.09

Em Copacabana, a calmaria está na esquina com a muvuca


COPACABANA: Na foto, a Avenida Atlântica, nas imediações da Rua República do Peru, na Zona Sul da cidade.


Qual seria a imagem que passaria imediatamente pela sua cabeça ao te proporem o seguinte pedido: “Descreva Copacabana”? Para quem é de fora, Copacabana é sinônimo de luxo, herdado pelo seu passado glorioso e o calçadão maravilhoso. Sem falar no reconhecimento internacional. E para os cariocas, aqueles já bem entrosados com toda a dinâmica da cidade e suas peculiariades? Provavelmente responderiam: “Ah, Copacabana é muvuca, muito barulho, trânsito, muita gente, selva de pedra...". É basicamente isso o que escuto de amigos e de outras pessoas Rio adentro. E, realmente, Copacabana, com exceção da sua praia lindíssima, é tudo isso mesmo: ícone da diversidade, seja social ou espacial. Porém, poucos sabem que, em recantos praticamente escondidos, mas, ao mesmo tempo, inseridos no mar de confusão típica desta área da Zona Sul, Copacabana esconde sua faceta bucólica e bastaaaaaaante sossegada. Quer um exemplo do que falo? Acompanhe-me, então.

Localizada entre o posto 2 e 3 da praia, a Rua República do Peru pode ser um dos diversos exemplos de ruas movimentadas no bairro de Copacabana – vulgo “Copa”. O.k., é uma rua predominantemente residencial, arborizada, lotada de edifícios... entretanto, devido a sua proximidade com os principais eixos viários do bairro, a República do Peru absorve muito do ruído das buzinas e freadas dos ônibus e carros que circulam 24 horas por dia pelas ruas Barata Ribeiro e Tonelero e das avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana – os tais corredores de trânsito intenso cortados pela rua. Consulte o mapa acima, para maiores detalhes!


REPÚBLICA DO PERU: O início da rua é marcado pela filial do bar e botequim Manoel e Juaquim e a Escola Municipal Cícero Pena, ao fundo.


PARTICULARIDADES: As pedras portuguesas e os edifícios antigos são o ícone do bairro de Copacabana.


Como diria meu irmão, Copacabana tem cheiro, e quem tiver essa mesma sensibilidade de percepção, sabe do que estou falando. Este oceano de edifícios antigos que compõem as suas ruas – dispostas em um quase-perfeito tabuleiro de xadrez – exalam um odor muito particular, principalmente quando os portões das garagens e dos elevadores se abrem. É um cheiro antigo, que lembra, obviamente, o que é velho, mas não de forma degradada. Remete-nos a um passado que, talvez, nem eu, nem você, tenhamos vivido, porém, fica fresco na memória através do nosso conhecimento de mundo e, principalmente, de história. Sem falar também que Copa tem todo um ícone de bairro da terceira idade, que reforça ainda mais o que estou falando. Curiosíssimo; e a República do Peru é basicamente do jeito que estou descrevendo.


REPÚBLICA x NOSSA SENHORA: O cruzamento com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana indica, de forma clara, o quão movimentada é a região; muito comércio e trânsito intenso. Se você achar que é exagero meu, o.k., as fotos foram tiradas em um domingo! Por isso que está aparentemente calmo.


Com muitas sombras e pouco sol – graças às arvores! Benditas! –, um tímido e variado comércio se espalha ao longo República do Peru, mais especificamente nas esquinas, contribuindo para o tal vai-e-vem de pessoas. Logo no seu início, na esquina com a Avenida Atlântica, está a filial do prestigiado Manoel e Juaquim (aquele, do Engenho de Dentro). Mais adiante, no cruzamento com a Nossa Senhora, outro bar, também bastante badalado: o Informal (já este, oriundo do Leblon). Lojas de roupas e acessórios esportivos, como a Saint Gall e a Charif’s Esportes, casa de sucos – a Fruti Vita e o Big Bi –, a Casa do Pão de Queijo, pé-sujos, farmácia, hotéis, bancas de jornal e uma loja de materiais elétricos e hidráulicos, compõem o comércio da Rua República do Peru. Sem falar também nas duas escolas públicas situadas neste logradouro: o colégio estadual Pedro Álvares Cabral e, na esquina com a Atlântica, o municipal Doutor Cícero Pena.


MAIS DO CRUZAMENTO: À esquerda, a casa de sucos Fruti Vita e alguns dos ônibus que circulam pela Av. Copacabana; à direita, o botequim Informal, com a loja de materiais hidráulicos e elétricos, ao fundo.


CONSTRUÇÕES: Mais edifícios residenciais na Rua República do Peru. Na última foto, o Hotel Apa ao fundo, na esquina com a Rua Barata Ribeiro.


SEGUINDO ADIANTE: A esquina com a Barata Ribeiro e o caminho em direção ao Morro de São João, no final da via.


Seguindo a República do Peru toda, em direção ao Morro de São João, já nas imediações da Rua Tonelero pode-se começar a sentir uma atmosfera mais leve e calma. Embora seja uma rua com trânsito considerável, a Tonelero resguarda uma pacificidade, que passará a dominar toda essa área, ao sopé do morro. Entre árvores e, agora, com mais jardins, a República do Peru termina com prédios mais sofisticados, um pinheiro e a visão dos outros prédios, com guaritas, colados à encosta do São João. É, definitivamente, outro clima. As buzinas ecoam de forma remota, livrando-nos o incômodo aos ouvidos e presenteando-nos com o canto dos pássaros que por ali passeiam. E logo no final, existe uma esquina: a da calmaria – a Rua Conrado Niemeyer, pouco conhecida pelos cariocas e muito disputadíssima no mercado imobiliário de Copa.


O FINAL DA REPÚBLICA DO PERU: A atmosfera do local é modificado devido à proximidade com o Morro de São João. Os edifícios passam a ser mais bem-cuidados e ajardinados.


Casas, cheiro de terra molhada (o dia estava chuvoso), escadinhas, ladeirinhas...: a Conrado Niemeyer faz-nos acreditar seriamente que poderíamos estar, sei lá, na Gávea, no Jardim Botânico ou então numa das ruelas do Alto da Boa Vista; mas não, ali é Copacabana (fotos ao lado). Os edifícios antigos permanecem no cenário, mas na Conrado Niemeyer eles são mais incrementados por flores e plantas e com uma nítida manutenção anti-sujeira, coisa que os outros da parte “muvuca” da República do Peru não possuem. Além disso, preservam o mesmo charme que lhes presenteou sua construção, seja a época que for. A rua também é toda coberta por jardins, canteiros, vasos e sombra, muita sombra. Copacabana, independente do local, é arborizada. E isso é um ponto bastante positivo no bairro.


CONRADO NIEMEYER: Bucolismo no coração de Copacabana.


EDIFÍCIOS: Alguns amplos e coloridos, outros mais antigos e um novíssimo lançamento, que distoa de todos da rua com sua portaria espelhada.


A Rua Conrado Niemeyer termina rápido, no encontro com a Rua Marechal Mascarenhas de Morais, também outra ruazinha muito simpática, calma e nobre, que, inclusive, mantém uma cancela com guarita, no trecho em que fica bem colada ao Morro de São João, impedindo a entrada de estranhos. Reflexo da insegurança. Prevenção contra a bagunça. É ou não é a esquina da calmaria com a muvuca?


O FINAL: A Rua Conrado Niemeyer termina no encontro com a Rua Marechal Mascarenhas de Morais, caracterizado por jardins, como o da foto, e uma cancela que impede a entrada de estranhos.


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